Alguns
shoppings, centros comerciais e industriais trabalham com água de reúso
sem que os frequentadores desses lugares saibam – ou percebam. Isso se
deve muito ao cuidado com que é feita a construção das estações de
tratamento de esgoto local. Como há um fluxo diário de centenas e até
milhares de pessoas, não é possível ter qualquer percepção de odores,
ruídos, ou obstáculos que possam atrapalhar a circulação. Por isso, é
necessário que uma série de cuidados sejam tomados como a instalação de
cabines à prova de som ao redor dos equipamentos, sistemas de exaustão e
aeração (para evitar odores).
Além
disso, as estações costumam ocupar pouco espaço e é preciso adequar a
construção à área reservada para este fim. Portanto, é necessário que os
projetos sejam arquitetonicamente ousados e se adaptem às restrições
existentes, como altura, área e piso.
A General
Water, concessionária particular de água e esgoto que implanta e opera,
com recursos próprios, sistemas de abastecimento de água e tratamento e
reúso de efluentes, é a principal empresa que atua neste ramo dentro do
Brasil e tem vários desses edifícios como clientes, que são verdadeiros
cases de sucesso.
Segundo
Fernando Pereira, diretor comercial da empresa, não basta ter uma
tecnologia super avançada em reúso sem um bom projeto ou uma boa
execução da obra. “Destaco a
importância de uma boa fundação, pois muitas vezes os tanques possuem
carga elevada e é fundamental usar bons materiais, pois as estações de
tratamento são obras de longo prazo e devem suportar a operação por
décadas. Também é necessária atenção especial para o projeto, que deve
possuir os requisitos para garantir o bom funcionamento da estação, além
de estar em harmonia com a arquitetura do ambiente”, diz Pereira.
Uma
estação produtora de água de reúso consiste em tanques e reatores
biológicos, que degradam a matéria orgânica presente no esgoto, filtros e
membranas de ultrafiltrarão e osmose reversa, dosagem de produtos
químicos e máquinas para aeração do sistema e desaguamento do lodo
gerado.
Parque D. Pedro Shopping: reforma com a estação em funcionamento
Um dos
maiores shoppings do Brasil, o Parque D. Pedro, de Campinas, se
beneficia muito com a água de reúso, pois está localizado numa região em
que a água é escassa e sofreu muito com a crise de 2014.
Por se
tratar de um empreendimento gigantesco, a estação de tratamento do
shopping é uma obra de grande porte e tem capacidade para tratar 50
litros por segundo de esgoto, o que equivale a uma cidade com mais de 30
mil habitantes. Como a concessionária não possui rede de coleta de
esgotos no local, a estação de tratamento deve tratar todo o efluente
gerado pelo Parque D. Pedro e não pode parar nunca.
Por isso,
quando a General Water iniciou um retrofit completo na estação para
capacitá-la a produzir água de reúso de alta qualidade, todo o trabalho
ocorreu com o sistema em funcionamento. “Foi um grande desafio de
engenharia, pois foram necessárias diversas trocas de equipamentos,
mudanças na concepção das tecnologias além de uma grande reforma civil”,
diz Fernando Pereira.
No fim, sucesso!
Hoje a
estação de tratamento do Parque D.Pedro tem capacidade para produzir
mais de 18 milhões de litros por mês de água de reúso, reduzindo
dramaticamente a quantidade de água potável que o shopping usa e a
geração de esgoto.
Shopping Eldorado: pouco espaço, muita tecnologia
Com
restrição de espaço e grande circulação, o Shopping Eldorado, de São
Paulo, que utiliza água de reuso em suas dependências, é um ótimo
exemplo de como este tipo de construção pode ser customizável e
adaptável.
“O
projeto da ETE do Eldorado é extremamente ousado, pois consiste numa
estação de tratamento com grande capacidade (mais de 9.000 m³/mês) em
uma área muito apertada e com diversas restrições (altura, tubulações,
canteiros etc)”, explica Fernando Pereira. “A água também é de excelente
qualidade, pois o processo utiliza a tecnologia MBR”, afirma ele.
O que é água de reúso?
Fernando
Pereira explica que existem dois tipos de águas que podem ser tratadas e
reutilizadas: as cinzas, provenientes dos lavatórios e chuveiros, e as
negras, o esgoto propriamente dito. Ambas podem ser reaproveitadas,
desde que passem pelo tratamento correto. Num empreendimento comercial,
por não possuir contribuição significativa de esgoto de chuveiros, o
reúso das águas negras é muito mais vantajoso
Como funciona o tratamento?
A água que
escorre pelo ralo do chuveiro e da pia ou a que é usada nas descargas
pode ser transformada em água potável, num processo de cinco etapas e
que dura até 12 horas. Isso é realizado nas estações de tratamento de
esgoto e efluentes que estão sob a responsabilidade da General Water.
Por meio
de uma tubulação especial, a água descartada é captada junto com
dejetos, sabão e outros tipos de fluidos. Na estação de tratamento, ela
primeiro passa por uma peneira, que faz a filtragem inicial dos
resíduos. Em seguida, a água vai para os tanques de equalização, onde é
feito o controle do volume de esgoto necessário para o tratamento.
A terceira
etapa é a passagem por um reator biológico, onde bactérias
especializadas se alimentam da matéria orgânica, limpando a água. Esse
processo dura algumas horas, durante as quais o reator recebe uma
injeção constante de ar, para que as bactérias que degradam o esgoto se
proliferem.
O passo
seguinte é o processamento no tanque de membranas de ultrafiltração,
importadas do Japão, que separam completamente o lodo da água, que
depois é esterilizada em outro tanque, com cloro. Pronto! A água, que
era esgoto, já pode ser usada para o abastecimento de torres de
resfriamento de ar condicionado, bacias sanitárias e para a irrigação.
Fonte: Jornal da Construção Civil
Fonte: Jornal da Construção Civil
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